terça-feira, 19 de abril de 2011

Da morte do amor



Não me lembro exatamente quando o amor morreu
Pode ser que tenha sido na hora do jantar onde o silencio começou a se fazer presente. Pode ser
que tenha morrido no desenlace das mãos quando dos passeios semanais,que nem existem mais.
Não me lembro quando o amor morreu. Só sei que ele foi se exaurindo, minguando, se acabando entre os lençóis. O amor foi esmorecendo, virando noites mal dormidas, dias onde o mutismo falou mais alto, dias de olhares indo embora nos cantos dos olhos.
O amor morreu na sala, na cozinha, no quintal, no quarto. O amor morreu na varanda, olhando o nada,nada pedindo,sem remorsos,sem culpas,sem disfarce. Morreu o amor tão lentamente ,que o vestido vermelho ainda espera  ser enlaçado na cintura pelo braço do ex- amor.
O amor morreu de falta de amor, morreu de cansaço, de falta de novos ares, ausência de ventos alísios, morreu no ultimo cd esquecido na estante.
Mas amor que é amor, morre junto, dose dupla hi-fi, sonante, parelho. Mesmo morto o amor não fica de joelhos.

Não se mata o amor impunemente. Há que se deixar nódoa, mácula,afronta,ultraje,avilte,escombro. Há que se deixar uma chaga que nunca fecha, um outdoor onde haja um entalhe a ferro anunciando que o amor morreu. Que pena!

Angela

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“O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço”

(João Cabral de Melo Neto).

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