Todos se calam diante da dor e da morte
Eu não.
Preciso falar pra compreender
Alguns mistérios
Só me calo diante da vida
Mistério tão previsível.
(Procuro um silencio que fale comigo)
. Um chicote que explode no ar A mão que se estende em direção ao nada Capoeira Contínua luta de sobreviver Num mundo desigual... Olhos vazios Bocas famintas Olhar de medo A olhar o medo no olhar dos que ali vagueiam... Bugigangas Fumaça Jogo Trapaça Trapos Farrapos Espalhados pela praça... Em frente, a Catedral... Passar... E passo a passo -ria -da- -ca- -es- -a- -bir- -Su- Transpassar o portal... Silêncio... O canto que se ouve em cada canto É de paz... É outro o tempo que se faz neste templo A luz a adentrar pelos vitrais Confunde as horas E o passado se faz presente... Pinturas, esculturas, mármore rosa Enormes pilares Torres Imenso silêncio... Tudo conduz à reflexão E fica-se a pensar Na capacidade do Homem Que constrói o belo Que transforma madeira, vidro, pedra e aço Em poemas de amor e vida Como operário Sempre em construção... E fica-se a pensar Na capacidade do homem Que da madeira, do vidro, da pedra e do aço Faz armas Para a destruição... A mesma luz que ilumina os “lá de fora” Perpassa pelos vitrais E em difusa luz Ilumina os que aqui estão... Des- -cer- -a- -es- -ca- -da- -ria- onde tantos já pisaram Vozes a clamar por justiça Mãos a pedir pão Olhos a pedir amor... Escadas... Elos interligando mundos que se entrelaçam Em tão iguais E (in) diferentes espaços... Olho... Nada faço... Apenas passo... Maricell - maio 2004 poema de Maria Célia Zanirato |