Ah, minhas rasuras
que teimosamente sobrevivem
a tudo que as lacera.
Se o contratempo as descostura,
lentamente elas se reescrevem.
Resistem aos extintores de sonhos,
aos que as afogam em quimeras.
Ah, minhas rasuras, como as quero
redesenhando os caminhos
de uma eterna primavera!
(Neusa Zanirato
sábado, 26 de fevereiro de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Abissal
Mas há um momento
Onde tudo morre
Onde tudo se joga, se lança, se arremete
Em um vazio
Despenhadeiro
Até os sonhos
Morrem
Porque há um abismo
Nas horas curtas da madrugada.
Urdiduras
Vou cozinhando medos
Adoçando sonhos
Moendo saudades
Em uma panelinha de barro
Feldspato
Argila
Onde me moldo
Antes que uma erosão me
Roa .
Aprendizado
Há que se aprender a tirar
As cores das flores.
Quando uma flor se pinta
É sinal de que está pronta
Pra morte.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Filhas de Maria
Corre, maria, a despertar o dia...
e outra Maria, de sonho e de fé,
leva prá outra Maria o café
que depois outras Marias, pé ante pé,
vão beber, morder, viver.
Marias de tantas vidas -desiguais:
uma vai, tão bem vestida,
outra chega, decidida,
e se abraçam comovidas
Marias de lutas, Marias de ais.
Hoje é festa das Marias...
Maria ri, outra Maria chora.
Uma canta os velhos dias
outra escreve sobre as horas
de tantas Marias unidas
pelo sangue, pelo pão, pelas auroras
de uma primeira Maria
que partiu numa tarde, em plena Ave-Maria.
(Neusa Zanirato - 27/07/06)
e outra Maria, de sonho e de fé,
leva prá outra Maria o café
que depois outras Marias, pé ante pé,
vão beber, morder, viver.
Marias de tantas vidas -desiguais:
uma vai, tão bem vestida,
outra chega, decidida,
e se abraçam comovidas
Marias de lutas, Marias de ais.
Hoje é festa das Marias...
Maria ri, outra Maria chora.
Uma canta os velhos dias
outra escreve sobre as horas
de tantas Marias unidas
pelo sangue, pelo pão, pelas auroras
de uma primeira Maria
que partiu numa tarde, em plena Ave-Maria.
(Neusa Zanirato - 27/07/06)
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